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Pandemia: como o SUS venceu sabotagem e resistiu

  • FP Co Digital fpcodigital@gmail.com
  • 18 de nov. de 2021
  • 2 min de leitura

Estudo que escrutinou as respostas à covid em 26 capitais demonstra: municípios que zelam pela atenção primária e estratégia de saúde da família tiveram resultados sensivelmente melhores. Saúde privada não teria mesma capacidade

por Flávio Dieguez, via Outras Palavras

Uma avaliação abrangente detalhou as condições dos diversos segmentos da população em todas as capitais estaduais e como elas foram afetadas pela covid. A resposta reforça, sob uma ótica bem abrangente, que o sistema público foi fundamental para mitigar os malefícios do vírus. A saúde privada não teria conseguido o mesmo resultado, conclui um dos autores.

Posto duramente à prova pela pandemia, o sistema de saúde brasileiro deixou ver suas fragilidades e virtudes com muita clareza, como atestam diversos estudos e análises recentes. Uma avaliação que acaba de ser publicada, na prestigiada revista científica internacional Plos One, dá uma boa ideia sobre a capacidade do SUS de virar o jogo a favor da saúde mesmo sob condições muito adversas. Nas 26 capitais estaduais examinadas, os efeitos da pandemia foram distintamente mais amenos para as populações situadas em áreas em que a saúde pública estava melhor estruturada.

É o que demonstra o estudo “COVID-19 em cidades brasileiras: Impacto de determinantes sociais, cobertura e qualidade da atenção primária à saúde. Isso vale mesmo para as capitais das regiões Norte e Nordeste, por exemplo, onde as populações têm baixa renda, vivem sob péssimas condições sociais e padecem consideráveis vulnerabilidades. “A forma como cada capital enfrentou a pandemia é que determinou o resultado obtido”, explicou a Outra Saúde um dos seis autores do trabalho, Angelo Roncalli, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Que as condições sociais afetam o impacto da pandemia, é certo, diz ele. Mas o importante é a relação com o sistema de saúde pública, que mitiga os efeitos da pandemia. Não se trata de uma relação causal, observa Roncalli, mas é razoável dizer que, de acordo com os resultados do estudo, o papel do SUS (Sistema Único de Saúde) é bem significativo. “Isso é próprio dos sistemas públicos. A saúde privada não teria conseguido chegar aos mesmos resultados”, pondera. Basta ver nos EUA, lembra ele, onde a saúde privada é muito forte, tem muitos recursos, e no entanto a pandemia teve um efeito tremendo.

O estudo analisou o impacto da covid em meados do ano passado, nos termos do SUS, que é o coração da saúde brasileira, alicerçado nas ideias de atenção primária à saúde (APS) e na estratégia de saúde da família (ESF). O desempenho do SUS é estimado pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Ao mesmo tempo, o estudo examinou e indicadores socioeconômicos e sociais e o número de casos de covid. A pesquisadora Lígia Giovanella, muito atuante no campo de políticas públicas e saúde, concorda que estudos como esse reforçam a boa percepção que se tem, atualmente, do sistema público. “Mostram que uma atenção primária à saúde, bem organizada, teria potencialidades para enfrentar a pandemia, se tivéssemos tido coordenação nacional no SUS, neste enfrentamento”.

Imagem: Fotografia: Araquém Alcântara

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