Volkswagen foi convocada para audiência com o Ministério Público do Trabalho, onde deve ser discutida responsabilização por trabalho escravo e tráfico de pessoas durante a ditadura no Brasil
Por Ana Clara Godoi, via G1
O Ministério Público do Trabalho (MPT) convocou a Volkswagen do Brasil para uma audiência em que será discutida a responsabilização da empresa por violações de direitos humanos de trabalhadores durante a ditadura militar no país. De acordo com denúncia feita pela imprensa estrangeira, a empresa empregou trabalho escravo e cometeu tráfico de pessoas em uma fazendo no Pará, entre as décadas de 1970 e 1980.
O caso teve início no final de maio, após a publicação de reportagens por veículos da imprensa alemã: a televisão pública ARD e o jornal Süddeutsche Zeitung. O encontro entre o órgão e a multinacional acontecerá na tarde de 14 de junho, na sede da Procuradoria-Geral do trabalho, em Brasília.
O MP afirma que os fatos teriam ocorrido na Fazendo Vale do Rio Cristalino, conhecida como Fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia (PA). A propriedade é da Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria (CVRC), uma subsidiária da Volkswagen. Em nota para o G1, a empresa disse que não comentará o assunto até que tenha clareza sobre todas as alegações e que “reforça seu compromisso de contribuir com as investigações envolvendo direitos humanos de forma muito séria”.
Entre as violações apresentadas pelo MP estão: falta de tratamento médico nos casos de malária; impedimento de saída da fazenda, através de vigilância armada ou dívidas contraídas; alojamentos em locais insalubres, sem acesso à água potável; e alimentação precária.
Já nos relatos divulgados pela imprensa estrangeira, há denúncias de que os trabalhadores sofriam tortura e violência por aliciadores de mão de obra. Também há relatos de estupro da mulher de um dos trabalhadores, como forma de punição, e morte do filho de outra família por agressões.
As denúncias de tráfico de pessoas e trabalho escravo se referem aos lavradores aliciados por empreiteiros a serviço da empresa, que roçavam e derrubavam mata na Fazendo Volkswagen. O MPT afirma que o grupo formado para apurar o caso, liderado pelo procurador do Trabalho Rafael Garcia Rodrigues, concluiu responsabilidade por parte da Volkswagen pelas violações aos direitos humanos ocorridas na fazenda.
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Foto: Adobe Stock
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