Agentes da Patrulha de Fronteira fizeram cerca de 1,82 milhão de prisões no atual ano fiscal, que começou em outubro
por Valor
O número de prisões de imigrantes que tentam entrar ilegalmente aos EUA pela fronteira sul do país bateu o recorde do atual ano fiscal, que começou em outubro, informou “The Wall Street Journal”.
Agentes da Patrulha de Fronteira fizeram cerca de 1,82 milhão de prisões no período, segundo informaram nesta segunda-feira as autoridades de imigração. Em julho, os agentes prenderam cerca de 182.000 migrantes que cruzavam a fronteira ilegalmente, com cerca de dois terços dos presos sendo adultos solteiros. E cerca de 22% dos detidos já tinham tentado atravesar a fronteira anteriormente.
O número mensal sugere que, se as tendências na fronteira se mantiverem, as prisões no ano fiscal, que termina em setembro, provavelmente ultrapassarão dois milhões pela primeira vez. É o segundo ano do governo de Joe Biden em que as prisões de candidatos à imigração chegam a um recorde.
Apesar das detenções de julho, o número caiu 19% em relação a maio. Não está claro o que causou o declíno, mas especialistas acreditam que ele seja resultado da combinação do reforço da fiscalização da imigração pelo México e do empenho de Washington em para processar contrabandistas de migrantes.
Parte da explicação para os números históricos é oferta e demanda. A pandemia atingiu as economias da América Latina com mais força do que qualquer região do mundo, dizem especialistas, tirando milhões de pessoas do trabalho e criando uma oferta muito maior de pessoas dispostas a aceitar empregos de baixos salários nos EUA. A economia americana, por outro lado, se recuperou mais rapidamente, criando uma forte demanda pelos tipos de empregos de baixa remuneração que os migrantes normalmente assumem.
Os contrabandistas também disseram aos migrantes que as políticas de imigração do presidente Biden se mostrariam mais brandas do que a de governos anteriores, uma ideia que se espalhou por meio de bate-papos no WhatsApp e postagens no Facebook.
Outro fator por trás do aumento, no entanto, é mais surpreendente: uma política dos EUA destinada a impedir a migração parece ter saído pela culatra. No início da pandemia, o governo de Donald Trump implementou uma lei sanitária pouco conhecida da década de 1940, chamada Título 42, que permitia expulsar rapidamente quaisquer migrantes na fronteira, alegando que poderiam trazer o covid-19 para os EUA.
O governo Biden recentemente tentou pôr fim a essa política, mas foi bloqueado por um tribunal federal. Inicialmente, as autoridades pensaram que o Título 42 conteria os imigrantes ilegais porque ela nega a eles a chance de pedir asilo — o primeiro passo de um processo que lhes permite permanecer no país enquanto o pedido tramita.
Mas, de acordo com essa mesma lei, esses imigrantes ilegais não podem ser mantidos presos nos EUA e precisam ser deportados. Os números da Patrulha de Fronteira estimam que cerca de um em cada quatro migrantes expulsos tentaram entrar nos EUA mais de uma vez porque não enfrentarão a prisão por repetidas tentativas de entradas, como ocorria sob a lei normal de imigração dos EUA.
“Nunca vimos números como esse, e o Título 42 está em pleno vigor”, disse Adam Isacson, especialista em segurança de fronteiras do WOLA, um grupo de defesa dos direitos humanos de Washington.
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