Brasileiros enfrentam dificuldades para cruzar a fronteira da Ucrânia: ‘Tudo muito assustador&
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- 28 de fev. de 2022
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Maria Souza, mulher do jogador Marlon Santos, gravou um vídeo no momento em que deixavam a capital Kiev. Orientação da embaixada é que brasileiros tentem se abrigar em locais próximos e esperem a situação melhorar.
Entre os cidadãos que tentam fugir da guerra na Ucrânia, ainda há muitos brasileiros.
Da janela de casa, Vanessa Rodrigues Granovski viu os ataques a Kiev na manhã deste sábado (26).
“A gente via as fumaças da cidade pela janela, e via uma movimentação de longe”, disse a bióloga de 36 anos.
Ela e o marido vivem numa região afastada do centro de Kiev e querem sair do país. Mas morando longe, sem carro, não conseguem chegar até a estação de trem.
“Já tínhamos as malas prontas, tudo preparado, um cachorro para transportar. O tempo foi passando, o toque de recolher é às 5h, então a gente decidiu que é mais seguro a gente ficar aqui hoje e aguardar”, contou Vanessa.
Outro brasileiro, o estudante Higor diz que não sabe o que fazer.
“Eu estou na minha residência, então é um lugar que não é propício a segurança. A cada 30 minutos a sirene ecoa. Tem o toque de recolher e eles orientaram que nós ficássemos seguros em algum lugar. E a gente fica aqui de mãos atadas, não sabe o que pode acontecer daqui a cinco minutos”.
Circular pelas ruas de Kiev assusta. O relato é da Maria Souza, esposa do jogador Marlon Santos. Ela gravou um vídeo no momento em que eles iam para a estação de trem para deixar a cidade.
“Estamos saindo daqui agora. Embaixada falando que tem três trens saindo daqui. A gente está indo com a nossa família, estamos indo em comboio com todos os brasileiros até a estação de trem. Nós estamos saindo daqui agora. Está tudo muito assustador”, afirmou Maria na gravação.
O grupo de jogadores e parentes que estava no bunker de um hotel conseguiu embarcar no trem disponibilizado pela embaixada brasileira em Kiev.
“Todo mundo conversou, então nós decidimos vir todos juntos que era um horário bom pra nós sairmos porque não tinha muito movimento. Esse aqui é o nosso vagão… E tem uns brasileiros que estão com suas famílias, cada um deles, e tem mais gente aqui”, disse Fernando dos Santos, jogador de futebol.
Mas nem todos os brasileiros que estavam com eles no hotel conseguiram ir para a estação de trem. Três ficaram para trás. O Moreno, que é jogador de futsal, foi um deles.
“A gente deseja sorte pra eles, que eles cheguem bem. Tem crianças pequenas lá, que eles cheguem bem, salvos. Porque hoje vai ser um dos dias mais difíceis aqui, vai ser o dia definitivo da guerra. A gente está até bastante assustado… Que eles cheguem bem e se Deus quiser nossa hora também vai chegar p ra sair dessa loucura aqui”, afirmou Moreno.
O Davi também acabou ficando no hotel. Cedo neste sábado (26), ele teve de parar de conversar com a repórter Mariana Aldano para se proteger.
“Com o sinal de alarme, a gente não pode ficar em lugar de fácil acesso, perigoso. Então, nós vamos para o bunker”.
Os 40 brasileiros que conseguiram embarcar na manhã deste sábado de Kiev para a cidade de Chernivtsi vão cruzar a fronteira com a Romênia a pé.
Diplomatas brasileiros vão ajudar na imigração. E a embaixada prevê disponibilizar ônibus para levá-los até a capital Bucareste.
Outro caminho que os brasileiros têm feito para fugir da Ucrânia é pela cidade de Lviv, no oeste do país, na fronteira com a Polônia. O jogador Guilherme Smith e um grupo de amigos pegaram um trem até a região e depois começaram uma caminhada de 30 quilômetros até a fronteira polonesa.
Neste sábado, a embaixada brasileira em Kiev confirmou que está difícil atravessar os postos de fronteira, e que há relatos de aglomerações e atrasos que chegam a durar dias. A orientação é para que os brasileiros tentem se abrigar em locais próximos e esperem a situação melhorar.
A Força Aérea Brasileira informou que dois cargueiros estão de prontidão no Brasil para buscar brasileiros que conseguirem deixar a Ucrânia. Ainda não há data prevista para uma possível decolagem. Isso vai depender de uma decisão dos Ministérios da Defesa que e das Relações Exteriores.
Os que já conseguiram nem acreditam que a guerra começou a ficar para trás.
“Estamos aqui oficialmente fora da Ucrânia, chegando na União Europeia, saindo dessa guerra”.
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